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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Como sobreviver ao lado de uma mulher - Parte II

É lógico que isso pode ser apenas mera coincidência, mas já notou no número incrível de palavras femininas no nosso dicionário? Teria alguma relação aos seres do mesmo sexo? Exemplos – briga, discórdia, confusão, tristeza, saudade,... Tá, tudo bem, concordo que peguei pesado, estou igual àquelas pessoas que passam por sua casa com uma Bíblia na mão e querem nos convencer de uma verdade extraindo textos da Bíblia, fora de contexto e sem fundamento. Desculpem-me, sei que isso é uma mera coincidência, nada mais, afinal existem palavras masculinas no dicionário que podem não ter muito a ver com o homem. Exemplo – amor, entendimento, romance, .... 
Mas o que eu estava contando ontem era o que aconteceu quando eu cheguei em casa e corajosamente disse à minha esposa que eu iria ao boteco.
Ela me olhou descrente. Mulher tem essa mania de ouvir coisas que odeia e fingir que foi só uma piada. Ela me encava crente que aquilo fosse alguma brincadeira boba que alguém havia me ensinado.
- Por que o senhor vai para o boteco? Estamos há quinze anos juntos e você nunca foi a boteco algum. Por que iria hoje?
- Por que hoje me deu vontade. O Cido, aquele lá, o mecânico, marido da Luíza, convidou-me para comer um costelão assado lá no Boteco do Mané. E eu disse que ia.
O ar ficou tenso, a qualquer instante aquela bomba relógio poderá explodir e mandar-me pelos ares a fora, completamente sem rumo e sem destino. Imagino a cena daqueles lábios carinhosos se abrindo e os movimentos dos lábios e línguas saírem um mundo de palavrão que eu nunca ousei sequer sonhar que existiam.
- Tudo bem.
- Tudo bem?
É lógico que há uma descrença. Deve ser alguma pegadinha. Ela não entendeu o que eu falei, ela está achando que é uma brincadeira, só pode. Mulher não concorda com essas coisas, não desse jeito. Alguma coisa está errada. Então fiquei ali parado, certamente com a boca aberta, os olhos arregalados como se o que ela estivesse dizendo fosse algo inconcebível.
- É, tudo bem. Quinze anos dentro de casa, não vejo mal algum em você tirar uma tarde para tomar uma cervejinha com os amigos. Eu nunca empatei você de ir a lugar algum, você sabe disso.
Mulher impressiona a gente sempre. Quando pensamos que podemos prever tudo o que elas vão pensar ela nos surpreende com uma dessas, direto no queixo. É lógico que ela não iria brigar. Por quê? Afinal de contas são quinze anos de exclusividade absoluta, sem redar pé do seu lado, praticamente vinte e quatro horas por dia, então, é claro que ela não veria nada demais em eu sair um dia com alguns amigos. Teoricamente havia uma explicação óbvia para aquela resposta.
Entrei rapidamente no quarto para aproveitar a permissão do Dia Livre. A única coisa que não podemos fazer nessa hora é darmos tempo para que ela pense, pois pode mudar de ideia tão rapidamente que, quando nos damos conta, ela está dizendo completamente o contrário daquilo que acabou de dizer. Ela acompanhou-me. Sentou-se na beirada da cama enquanto eu vestia um short (eu não gosto dessa palavra, acho que deveríamos escrever xorte, ou xorti, ou até mesmo com ch, chorte... não, acho que com ch não ficaria legal). Ela ficou ali me olhando, e eu sabia, ela queria me dizer mais alguma coisa, eu só esperava que ela não houvesse mudado de ideia.
- Vai ter alguma mulher lá?
- Até onde eu sei, não. Por quê?
- Por nada, só curiosidade.
Só curiosidade? Quem acreditou? Embora a mulher seja naturalmente curiosa demais, quando ela diz esse “só curiosidade”, na verdade quer dizer, tome cuidado e não fuja das regras senão... ou seja, é uma ameaça clara e objetiva. Eu sabia que ela estava se esforçando para manter aquilo como algo natural e corriqueiro, mas que, na verdade, queria quebrar o pau em minha cabeça e dizer-me para manter o rabo no sofá e os pés dentro de casa. Mas ela não disse. Dei-lhe um beijinho e virei às costas.
É nesse momento o ponto crucial, se a gente conseguir atravessar o portão sem nenhum aviso do tipo “tome cuidado com a bebida”, ou “com as mulheres oferecidas”, isso é uma vitória. Abri o portão. Ao fechá-lo ela gritou:
- Tome cuidado com a bebida e com as sem vergonhas.
Concordei com a cabeça, sem ânimo para discutir, sorri sem graça e ganhei a rua. Só faltava ela vir até o portão. Olhei para trás antes de dobrar a esquina, ela não estava no portão, isso facilitava muito as coisas, era um voto de confiança. Se bem que ela podia muito bem estar escondida atrás das flores do jardim e eu não tê-la notado. Mas eu estava na rua, não estava? Então não havia mais nada para me impedir de chegar ao meu objetivo que era uma tarde com amigos, falando abobrinha e olhando para as mulheres que passavam na rua.
Não precisei fugir de casa, eu nem podia acreditar naquilo. Não era por nada, nem para nada. Não era porque eu queria bagunçar, ou traí-la, não. Eu só queria respirar um pouco de ar, conversar qualquer idiotice com meus amigos, porque com amigos nós só conversamos idiotices, ainda mais se os amigos em questão estão reunidos num bar - comentar sobre as lindas e maravilhosas mulheres que passavam em frente ao bar, sobre os chifres dos outros e contar um pouco de vantagem sobre alguma coisa vivida no passado, alguma mulher que você pegou que todo mundo queria, mas só você conseguiu, esse tipo de coisa. Ou, seja, não há absolutamente nada de perigoso numa conversa de boteco com amigos... nada...
Isso é necessário a qualquer homem - um minuto de silêncio, sem alguém a lhe limitar o olhar, as palavras, o próprio pensamento. Chega um momento na vida em que todo homem necessita de um dia de paz.
Estrategicamente esqueci o celular em casa, ele era uma arma contra o atraso e a demora...
Continua amanhã

A Mulher Perfeita não existe e quando existe é invisível
A Mulher Invisível 

Mundo Curioso


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